Alexandra Lopes, in JN 25/08/2007
António e Maria Fernanda moram no Louro e têm a ciclovia de Famalicão, construída na antiga linha férrea que ligava a cidade à Póvoa de Varzim, mesmo à porta de casa. O casal de reformados e três netos que estão ao seu cuidado habitam no apeadeiro de Barradas há 18 anos, quando António Poças chegou para trabalhar como guarda de passagem de nível.
Agora, em vez de comboios, vêm bicicletas a passar. A ciclovia construída pela Câmara de Famalicão já está em funcionamento.O apeadeiro mantém os traços originais com a inscrição da identificação do local e as cores características. Contudo, os animais, as fruteiras e a roupa a secar no arame não enganam... Mora ali uma família.
António era guarda de passagem de nível e morava no apeadeiro, mas em 2002 deixou de trabalhar e, agora, está reformado. Tal é a ligação à habitação que o casal afirma já ter ido a Lisboa, às instalações da REFER (empresa responsável pelos equipamentos ferroviários) tentar comprar o apeadeiro. António e Maria Fernanda contaram, ao JN, que ainda não obtiveram qualquer resposta às suas pretensões."Eu não me importo de sair daqui, mas têm de dar-me uma casinha; senão, para onde vou?", questiona Maria Fernanda.
A moradora explica que, entretanto, fez algumas obras no imóvel, porque a família cresceu e foi necessário ampliar a "casa". Agora, o casal tem em frente à sua casa a pista de bicicletas e já vê muita gente a pedalar, de lá para cá e de cá para lá. "Acho bem as bicicletas a passar", dizem António e Maria Fernanda.
A ciclovia é apenas a parte provisória do projecto que a Câmara de Famalicão decidiu concretizar. O projecto definitivo - a ecopista - há-de envolver a requalificação dos três apeadeiros existentes em território famalicense.
O de Barradas está sob a alçada da REFER e ainda não terá sido definido quem vai intervencioná-lo. A autarquia só tem a tutela da linha. Enquanto a ecopista não chega, a Câmara avançou com uma ciclovia. A ecopista entre Famalicão e a Póvoa de Varzim já tem estudo prévio, que foi feito pela REFER e entregue à Autarquia no ano transacto.
O projecto de execução está a cargo das duas câmaras municipais. Só para a plataforma da ecopista, o estudo prevê um investimento de 1,4 milhões de euros, no qual não se incluem os gastos com o arranjo do património. Jorge Paulo Oliveira, vereador do Desporto da Câmara de Famalicão, adianta que estão a ser feitas algumas alterações ao estudo prévio para reduzir custos. Até agora não existia qualquer hipótese de apoio nacional ou comunitário para a construção da ecopista, mas o cenário mudou.
Por isso, em conjunto com a Autarquia poveira, está a ser preparada uma candidatura a fundos comunitários, que será concluída até ao final deste ano.O vereador do Desporto aponta que, "em 2008, quase de certeza que a obra não avançará no terreno".